“Uma empresa sem marketing estratégico, bem pensado e articulado não tem um futuro muito promissor”

Licenciado em Gestão de Marketing pelo IPAM Lisboa, André Bettencourt iniciou a sua carreira como assistente de marketing numa das maiores empresas à escala global – a Unilever.

Após essa experiência, desempenhou um papel de consultor na Comervisauto (Fiat Dealer) que lhe despertou todo o interesse para o setor automóvel, no qual viria a singrar na sua carreira.

Em 1995, após finalizar a licenciatura, André Bettencourt começou a sua “aventura” na Bridgestone que perdura até aos dias de hoje. Durante esse tempo, desempenhou 4 anos a função de coordenador de marketing e mais tarde a de Diretor de Marketing.

É então que em 2017, assume o cargo de Diretor de Marketing e Gestor de Produto na Bridgestone Europe – Sucursal em Portugal.

O seu percurso em marketing começou na Unilever, uma referência mundial na área. Qual foi o impacto que esta experiência teve na sua carreira?

Ter começado logo numa empresa de referência, que na altura era das que mais investia em publicidade em Portugal, permitiu encarar o desafio de uma forma que me deu os alicerces para trabalhar em outros negócios.

A Unilever era e é, realmente, uma empresa a que chamamos de escola. Na altura a forma como medíamos o mercado e desenvolvíamos as ações era incrível. O poder, a capacidade da empresa e as sinergias de grupo eram imensas.

No entanto e apesar do departamento onde trabalhei cheirar sempre muito bem (detergentes sólidos), a paixão pelos automóveis levou-me a uma direção bem diferente, mas cuja experiência na Unilever me permitiu aplicar alguns conhecimentos. Uma grande escola de facto…

Qual foi o projeto mais desafiante que liderou?

No caso da Unilever talvez o projeto de lançamento e afirmação do Skip Micro Power, um micro concentrado, que na altura permitia uma embalagem mais pequena, mas com um detergente que permitia igual eficácia de embalagens maiores.

Na Bridgestone claramente o lançamento do projeto de retalho chamado First Stop. Uma rede de oficinas, que aos olhos de hoje, parece algo bastante simples e que faz parte do nosso quotidiano, mas que em 1997 era claramente uma “pedrada no charco“.

No fundo quando em marketing vemos os projetos passarem por várias fases, desde uma forma conceptual até se afirmarem no mercado e manterem a sua sustentabilidade, acho que devemos estar orgulhosos do percurso efetuado. E depois quando estes nos permitem trabalhar em equipa e com clientes com as mentalidades e necessidades diferentes, o gosto e a aprendizagem são ainda maiores.

Qual o processo de inovação da Bridgestone?

Desde o longínquo Potenza S02, que revolucionou a imagem da marca da Bridgestone na Europa por causa da sua agressividade e desempenho, à capacidade da marca em entrar na Fórmula 1 com pneus extremamente competitivos em especial em pisos molhados, à criação da tecnologia Run-Flat e às soluções de mobilidade que vamos levando a cabo mais e mais no ADN dos nossos produtos e serviços.

O futuro da Bridgestone passa claramente pela mobilidade quer seja com produtos como com serviços. A inovação dos nossos produtos passa mais e mais por desenvolver tecnologias amigas do ambiente quer pelas matérias primas que utilizamos, como pela energia que permitimos poupar aos veículos quer sejam elétricos como de combustão.

Hoje em dia produzir pneus já não passa por fazer produtos apenas eficazes no molhado, ao curvar, acelerar ou travar. Temos que fazer tudo isso, ter menor resistência ao rolamento, sermos mais silenciosos, ter melhor aderência no molhado, mas também sermos mais leves, “sujarmos” menos o planeta quer na produção como no desgaste dos pneus. Se olharmos para aquilo que a Bridgestone está a fazer vemos que a nossa inovação passa por aí.

O marketing é a base para toda a estratégia de um negócio.

Na sua opinião, como é que o marketing pode ajudar a desenvolver o negócio?

O marketing é a base para toda a estratégia de um negócio. Desde o estudo do mercado, do desenvolvimento do produto, do seu nome, do preço e do local onde o vamos vender, até à comunicação e promoções com que o vamos dar a conhecer e chamar a atenção para ele.

No meu tempo de aluno, as pessoas faziam também parte daquilo que o marketing deveria desenvolver. Hoje, vejo que infelizmente essa componente já não está incorporada no marketing, pelo menos em algumas teorias e formas de ensino. No entanto, para mim o marketing sem pessoas e sem ser para as pessoas, quer seja de uma forma interna como externa, não faz sentido.

Provavelmente um dia esta teoria mudará, mas uma empresa sem marketing estratégico, bem pensado e articulado não tem um futuro muito promissor. Da cor do nosso logo, ao tipo de produto e serviço, da motivação e satisfação dos nossos colaboradores e clientes, tudo isso passa por um plano de marketing.

E não confundamos marketing com publicidade que ainda é um erro de muitas empresas. A publicidade é algo micro no universo do marketing e reveste-se apenas de uma forma de comunicar o nosso produto e serviço. Marketing é o aspeto, a direção e a comunidade daquilo que queremos para a nossa empresa. 

Enquanto Diretor de Marketing, o que é que está na sua agenda para 2021/22?

Muitos projetos dependentes da evolução da pandemia que todos vivemos. Produtos e projetos novos, desenvolvimentos, lançamentos, formações, satisfações internas e externas, análise dos nossos investimentos e preparar sempre o ano seguinte. Mas a mobilidade é cada vez mais uma realidade no ADN da Bridgestone.

Qual a sua principal recomendação para um líder de uma PME em Portugal? 

Que perceba que o marketing não é só “nice to have”. É aquilo que pode ajudá-lo na estratégia de pensar a sua empresa e ajudá-la a encontrar soluções para fazer face às necessidades do mercado atual e futuro, que tragam rentabilidade á empresa.

Julgo que com um marketing planeado e discutido, um líder de uma PME (e não só) pode claramente pensar o futuro de uma forma mais realista.

O marketing deve ser um aliado fundamental para abraçar toda esta nova revolução e aceleração que o Mundo vive.

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